Jorge Audy – Superintende de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS / Artigo veiculado na Zero Hora de 12/09/2020
Nestes tempos VUCA, onde a volatilidade, a incerteza, a complexidade e a ambiguidade são as novas constantes em nossas vidas, no trabalho e nos negócios, a inovação emerge como um dos fatores relevantes para navegar em águas turbulentas e de sucessivas crises e transformações.
Quando falamos da volatilidade, vivemos um momento de aceleração, onde os modelos lineares de crescimento e mudanças terão de ser redefinidos. As organizações precisam ser capazes de se redefinir em uma velocidade cada vez maior. Quando falamos da incerteza, temos o papel do imprevisível na definição dos rumos de nossas vidas e dos negócios. Quando falamos da complexidade, partimos da constatação de que a ciência esta envolvida na busca de soluções de problemas cada vez mais complexos, multifacetados, que nenhuma área do conhecimento isoladamente pode sequer entendê-los, quanto mais resolvê-los. Quando falamos de ambiguidade, nos referirmos às coisas ou situações que podem ter mais de um sentido ou significado, dependendo da perspectiva de quem analisa.
Neste contexto, entender o papel central da educação (conhecimento) para resolver o desafio das desigualdades aceleradas pela pandemia e da inovação para permitir um novo ciclo de desenvolvimento social e econômico no pós pandemia é cada vez mais relevante.
Neste mundo cada vez mais surpreendente, em um equilíbrio instável, a resiliência é um dos conceitos mais citados. Mas até este conceito precisa ser revisitado e atualizado à luz dos novos tempos. Não basta mais sermos resistentes às crises, sermos flexíveis e nos adaptarmos, visando superá-las somente para sobreviver. Devemos ir além, gerando novas oportunidades, se beneficiando com a crise, superando as crises crescendo, inovando.
A Inovação se insere nesta perspectiva, encontrando soluções transformadoras para problemas cada vez mais complexos. Assim, a inovação pode ser entendida por meio de três atributos essenciais: Conhecimento, Criatividade e Coragem. Os tres “c”s da Inovação em tempos de crise.
Conhecimento é fruto do processo educacional, desde a educação infantil, básica, até a superior. Aqui reside nosso maior desafio como nação. Evoluirmos para um Sistema Nacional de Educação de qualidade e inclusivo, que permita propiciarmos uma formação integral aos estudantes, tanto pessoal, para a cidadania, como profissional, para a inserção no mercado de trabalho. Para reduzir as nossas desigualdades sociais.
Criatividade é a capacidade de ver o mundo sob diferentes perspectivas, estabelecendo novas relações e identificando oportunidades de solução de problemas ou a descoberta de novas possibilidades e oportunidades. As artes, a cultura e a vida são fontes inesgotáveis de novas ideias e de criatividade. A Criatividade emerge em ecossistemas vibrantes, diversos e desafiadores.
Coragem de transformar a realidade, sem medo, com ousadia. Implantar propostas disruptivas como o Ensino Hibrido, a Renda Mínima, as Políticas Afirmativas, os Ecossistemas de Inovação de Classe Mundial. Romper barreiras, alterar regras, mudar a cultura, viabilizar a mudança. Transfomar a vida, a organziação, o mundo.
Neste sentido, cada vez mais se reafirma a importância da educação (conhecimento), da criatividade e da coragem para empreendermos a necessária transformação para enfrentarmos as crises e o instável equilíbrio da sociedade que vivemos. As contribuições das ciências sociais, das artes e das humanidades para incorporar de forma consciente e consequente a inovação na Sociedade. Inovação para Transformar a realidade. Com a necessária solidariedade e responsabilidade global em um mundo cada vez mais interdependente.