As deep techs estão redefinindo o mercado corporativo global, trazendo soluções inovadoras para desafios complexos. Esses empreendimentos, centrados em pesquisas aprofundadas e soluções disruptivas, estão ganhando atenção no Brasil e no Rio Grande do Sul.
Mas, afinal, o que são as deep techs?
Deep techs, ou tecnologias profundas, referem-se a startups que desenvolvem soluções baseadas em avanços científicos e tecnológicos. O foco dessas empresas vai além do desenvolvimento de produtos convencionais. Elas trabalham em setores como inteligência artificial, biotecnologia, nanotecnologia e computação quântica, aplicando ciência profunda para resolver problemas complexos globais.
Características Principais:
Alta intensidade de pesquisa e desenvolvimento.
Longo período para maturação e comercialização.
Enorme potencial para impacto social e econômico.
As deep techs atraem cerca de 20% dos investimentos globais em venture capital desde 2019. Segundo o Boston Consulting Group, em 2023 elas receberam investimentos de US$ 79 bilhões.
Boa parte da atratividade das deep techs vem de sua capacidade de enfrentar desafios que ainda não foram solucionados por tecnologias tradicionais. Elas têm o potencial de transformar setores inteiros, contribuindo para questões urgentes como o combate ao aquecimento global.
O avanço das deep techs no Brasil
O Brasil tem se destacado no cenário global com o crescimento de deep techs. Na América Latina, o país ocupa o segundo lugar em desenvolvimento deste tipo de startups, atrás apenas da Argentina. Mesmo enfrentando desafios relacionados ao financiamento e tempo de desenvolvimento, elas estão em expansão no Brasil, com 37 empresas valendo mais de US$ 10 milhões.
Segundo um relatório divulgado pela FINEP, já foram mapeadas 875 startups deep tech no país. Além disso, um estudo da Emerge Brasil, intitulado Deep Techs Brasil 2024, constatou que a biotecnologia está no foco de grande parte das startups, com aplicações voltadas principalmente para o agronegócio (50%) e a saúde (42%).
O levantamento também apontou que 70% das empresas mapeadas ainda estão amadurecendo suas tecnologias, enquanto 30% avançaram para o estágio de ganho de escala e entrada no mercado. As que têm sucesso demoram em geral cinco anos para começar a crescer.
No Brasil, um dos principais desafios é conseguir financiamento em volume suficiente. De acordo com o estudo, em 2023, 84,5% dos investimentos de venture capital no Brasil foram em negócios digitais e no setor financeiro. As deep techs dependem especialmente de investidores-anjo e de financiamento público.
O Rio Grande do Sul como polo emergente das deep techs
Embora a maior parte das deep techs esteja localizada em São Paulo, o Rio Grande do Sul emerge como uma região importante para o desenvolvimento destas startups. Um recente projeto de inovação no estado, em parceria com uma instituição de Portugal, prevê um investimento de R$105 milhões. A iniciativa consiste em instalar um centro de inovação com o propósito de desenvolver tecnologias avançadas para o agronegócio.
Dentro do Rio Grande do Sul, Porto Alegre é uma cidade-chave para o desenvolvimento de deep techs. Com um ecossistema empreendedor em ascensão, a cidade abriga universidades renomadas e centros de pesquisa avançados que fornecem um suporte essencial para a inovação tecnológica.
As startups na região se beneficiam de um ambiente colaborativo onde academia, governo e setor privado trabalham em sinergia. O Pacto Alegre é um exemplo de iniciativa neste sentido. Porto Alegre também recebe regularmente eventos de networking e hackathons, criando o espaço ideal para que ideias inovadoras sejam nutridas e desenvolvidas.
Saiba mais sobre o Pacto Alegre
Movimento estabelecido há quatro anos na Capital gaúcha, o Pacto Alegre é formado por centenas de voluntários e dezenas de representantes institucionais da quádrupla hélice (universidades, sociedade civil, poder público e iniciativa privada).
Entre os projetos mais conhecidos apoiados ou induzidos pelo PACTO se encontram: o Instituto Caldeira; a renovação do Quarto Distrito; a criação da marca e símbolo oficial de POA; a reinclusão da Capital no programa global Cidades Educadoras; o projeto Cidade das Startups e o projeto Territórios Inovadores.