Não é nenhuma novidade que a Educação, em seu formato atual, já não nos serve mais, e que precisamos mudar profunda e drasticamente o paradigma de aprendizagem, trazendo o aluno para uma posição pró-ativa e central no seu desenvolvimento – ao invés de passivo e inerte, como muitas vezes acontece hoje. É preciso promover autonomia no seu processo de aprendizagem, ajudando-o a desenvolver uma habilidade fundamental: Aprender a Aprender. Mas como fazer isso? Simplesmente colocar mais tecnologia em sala de aula não parece ser a solução. Trabalhos isolados ou focados apenas em uma parte do problema também têm se mostrado ineficientes. Precisamos trabalhar juntos, com uma visão integral, sobre princípios fundamentais que unifiquem a ação efetiva desse novo paradigma.
Começo pelo Propósito de Vida. Devemos estimular constantes e sucessivas aproximações ao propósito de vida dos estudantes. Reconhecer o que faz sentido para eles é um combustível essencial para o engajamento no seu processo de aprendizado. Não faz mais sentido ser apresentado a todo o conhecimento disponível no mundo para, somente depois, escolher algo para aprofundar-se. Isso implica confiar que os estudantes podem (e devem) escolher o que irão aprender.
Além disso, destaco o Uso Intensivo da Tecnologia. A tecnologia (se usada de forma correta) pode nos colocar em patamares, até então, desconhecidos na história da Educação. Por um lado, podemos ter acesso ao mundo todo com nossos dispositivos – claro que, para isso, precisamos falar o idioma do mundo, que, hoje, é o inglês. Por outro lado, a tecnologia pode ajudar de uma maneira mais profunda, respeitando o ritmo de aprendizagem de cada aluno. Podemos deixar aulas e conteúdos disponíveis para que sejam consumidos no tempo de cada estudante. Assim, os educadores poderiam dar suporte e tirar dúvidas ao invés de ministrar aulas. Isso pode parecer pouco, mas talvez o papel de um educador passe muito mais por aí, por responder e guiar o estudante naquilo que ele está verdadeiramente interessado em saber. Ao invés de assumir o papel tradicional de professor, esse profissional seria um guia de aprendizagem, com sensibilidade para abrir caminhos, inspirar e auxiliar.
Finalmente, o terceiro princípio é um Ambiente Positivo de Aprendizado, que valorize a inteligência emocional e as relações humanas. A ideia de assumirmos que somos aprendizes por toda a vida nos coloca numa posição de vulnerabilidade e de constantes falhas. Tentar e falhar faz parte desse processo, e está tudo certo! Precisamos aprender a encarar isso como algo natural, é o jeito mais rápido de crescer. Essa é também a mentalidade das startups. Melhor ir em frente com o que se tem, e ver os resultados, do que esperar estar perfeito para, só então, começar a agir e mostrar seu trabalho ao mundo.
Note que todos os itens acima não trazem uma metodologia específica, mas fundamentos para uma mudança de mentalidade, de paradigma, de princípios nos quais basearmos a nossa Educação. Não é fácil expressar em tão poucas palavras a imensa mudança que isso pode representar – e essa mudança precisa ser para já! Toda a engrenagem (professores, famílias, escolas públicas e privadas, secretários de educação, empresas, universidades, …) deve avançar na mesma direção. Isso não é uma particularidade de Porto Alegre ou do Brasil. É uma mudança que está acontecendo mundialmente. E nós podemos estar na fronteira dessa mudança.
Com esse novo paradigma, não importam as circunstâncias que o mundo lhe oferecer, o aprendiz é capaz de se adaptar e lidar com elas. Sabe que faz parte de um mundo em rápida transformação e que é fundamental aprender coisas novas todos os dias (e por toda a vida). E o papel da Educação passa a ser, ao invés de prover informações, desenvolver a capacidade de Aprender a Aprender