Por Irio Piva, presidente da CDL Porto Alegre
Nos tempos atuais, em que a inovação é frequentemente associada à tecnologia e à digitalização, precisamos lembrar que inovar também é reforçar aquilo que nos torna humanos. E o varejo físico é, por excelência, um espaço de inovação humanizada.
O varejo é, historicamente, um dos pilares de sustentação das cidades. Mais do que um setor econômico, ele é parte do tecido urbano e social. A aceleração digital e a transformação de hábitos de consumo reforçaram que a verdadeira inovação no varejo está, paradoxalmente, em valorizar aquilo que permanece: a experiência humana e a conexão local.
Enquanto o mundo caminha para o digital, a loja física se reinventa. Torna-se mais que um ponto de venda: é um ponto de encontro, de experiência, de conexão com o bairro, com a cidade, com as pessoas. Inovar no varejo é transformar a loja em um ambiente de convivência, onde o cliente se sente pertencente, onde a tecnologia serve como ferramenta de aproximação, e não o contrário.
As principais tendências globais apontam para a valorização do ponto de venda como espaço de experiência, de imersão e de propósito. O varejo do futuro será, sobretudo, híbrido, mas a loja física continuará sendo o ponto de contato mais sensível entre marca e consumidor. Na NRF deste ano, ficou evidente: lojas que inovam são aquelas que investem em design centrado no cliente, inteligência de dados aplicada ao atendimento personalizado e tecnologias que ampliam, sem substituir, a presença humana.
Em um mundo onde tudo pode ser automatizado, o atendimento humano torna-se um ativo estratégico. A confiança entre comerciantes e consumidores — especialmente nos bairros, nos centros urbanos e nos pequenos negócios — cria valor social e econômico. A loja de rua, o pequeno comércio local, o rosto conhecido por trás do balcão: tudo isso é inovação quando colocamos o ser humano no centro.
Porto Alegre tem potencial para ser referência em inovação urbana com base no varejo. Isso inclui políticas de revitalização dos centros comerciais e passa pela zeladoria estrutural da cidade, com serviços públicos eficientes de segurança, iluminação, limpeza, logística e tráfego urbano. Além do necessário estímulo ao empreendedorismo local.
A CDL POA, como signatária do Pacto Alegre, acredita que inovação se faz com pessoas, com proximidade e com soluções que respeitem a identidade das cidades. A inovação anda de mãos dadas com o propósito. E nosso propósito é claro: contribuir para uma cidade mais humana, vibrante e economicamente saudável.
